foremedia Napoleão (Napoleon), 2023 (Entre o brilho e a desconexão histórica na visão de Ridley Scott)

Napoleão (Napoleon), 2023 (Entre o brilho e a desconexão histórica na visão de Ridley Scott)

 


Uma Introdução

Filmes que se aventuram na representação de eventos históricos enfrentam um desafio intrínseco: a delicada tarefa de equilibrar a ficção com a realidade. 

Esta questão essencial é habilmente abordada no mais recente trabalho de Ridley Scott, "Napoleão", um longa-metragem estrelado por Joaquin Phoenix e Vanessa Kirby.

Sinopse 

O filme, originalmente produzido para a Apple TV, mas distribuído nos cinemas pela Sony Pictures, oferece uma imersão de 2 horas e 40 minutos na vida de Napoleão Bonaparte, centrando-se nas cartas trocadas entre o líder e sua primeira esposa, Josefina de Beauharnais, interpretada por Vanessa Kirby. 

O contexto histórico do final do século 18, após a Revolução Francesa, fornece um cenário rico, mas é na conexão entre Joaquin Phoenix e Kirby que "Napoleão" encontra seus momentos mais cativantes.

Joaquin Phoenix e Vanessa Kirby

Phoenix, conhecido por sua interpretação marcante como Coringa, mais uma vez brilha ao transmitir a estratégia de guerra e a complexidade do período pós-Revolução Francesa. 

No entanto, a verdadeira magia emerge na tela quando ele contracena com Kirby. 

A dinâmica do casal, guiada pelas oscilações da ascensão e queda do imperador, oferece cenas poderosas e emocionais, particularmente aquelas baseadas nas cartas trocadas durante as expedições de Napoleão.

Ritmo 

Contudo, mesmo com performances estelares, "Napoleão" enfrenta um desafio significativo no que diz respeito ao ritmo narrativo. 

O filme se perde em uma correnteza incerta, oscilando entre momentos envolventes e outros tediosos. 

A habilidade de Scott em manter o interesse do público ao longo de quase três horas é questionada, pois a falta de conexão entre cenas resulta em uma narrativa fragmentada e, por vezes, confusa. 

A instabilidade de ritmo não apenas afeta o envolvimento do espectador, mas também se entrelaça com o objetivo do filme. 

Embora ancorado em datas e territórios específicos, "Napoleão" parece falhar em costurar uma narrativa coesa que permita uma conexão mais profunda entre o público e o protagonista. 

A disposição dos acontecimentos, embora apoiada por performances envolventes, não proporciona uma compreensão clara dos objetivos e motivações de Napoleão, apesar dos esforços louváveis de Phoenix.

Fotografia 

No entanto, o filme não deixa de oferecer aspectos visualmente impactantes. 

A cinematografia, um dos pontos fortes de Scott, se destaca nas cenas de batalha, capturando a beleza dos campos, da pólvora e dos uniformes dos soldados. 

O uso equilibrado de CGI contribui para uma imersão notável, complementando as cenas em vez de dominá-las, e criando uma experiência estética envolvente.

História

Entretanto, o brilho visual é contrastado pela falta de profundidade na abordagem geopolítica da história. 

O filme negligencia o contexto histórico por trás das conquistas de Napoleão, relegando seus verdadeiros objetivos a segundo plano. 

A representação de Napoleão como um líder motivado apenas pelo amor à nação, enquanto seus aspectos mais sombrios e suas ambições expansionistas são minimizados, cria uma visão distorcida do personagem. 

Além disso, "Napoleão" incorre em erros históricos, como cenas que desviam significativamente dos registros históricos. 

A falta de fidelidade aos eventos reais compromete a credibilidade do filme e levanta questões sobre a abordagem de Scott à precisão histórica.

Conclusão 

Em última análise, "Napoleão" pode valer o preço do ingresso para os admiradores de performances intensas e uma estética visual impactante. 

No entanto, a falta de coesão no roteiro, a instabilidade de ritmo e a desconexão histórica podem deixar alguns espectadores insatisfeitos. 

A obra, embora destaque o talento do elenco e a habilidade visual de Scott, deixa a desejar na representação fiel de um período crucial da história e da complexidade de um dos personagens mais fascinantes.

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